Esses dias eu estava passeando pelos canais de televisão quando vi que uma luta de MMA estava para começar. Um dos lutadores já estava no ringue aguardando o outro para que a luta começasse. Porém, como sabemos, uma luta só acontece quando há duas pessoas dispostas à isso.
Assim como na vida, também existem inúmeros tipos de lutas: de rua, de palavras, de sobrevivência. E se observarmos bem, todas tem seu ringue próprio. Ás vezes o ringue é no trânsito, outras vezes é em casa e, muitas vezes, no trabalho.
Percebendo isso, comecei a compreender esta dinâmica que nos acorda para aquilo que estamos fazendo com os ringues que, de um jeito ou de outro, fazem parte da nossa vida. O quanto estamos cientes das chamadas para a luta que recebemos constantemente em ringues aparentemente invisíveis. No trânsito existem muitas pessoas prontas para a briga, se estivermos na mesma frequência ouviremos o chamado. Os fofoqueiros estão na busca pela luta perfeita, para assistirem confortavelmente enquanto o circo pega fogo. Com as injustiças é muito parecido.
Entraremos no ringue se quisermos.
Muitos não sabem lutar de verdade. Não lutam pelos direitos e ignoram seus deveres, mas sabem agredir muito bem. Precisam apenas descarregar sua energia. Porque, no fundo, não sabem fazer nada de bom com ela. E, assim, precisam de alguém para descarregar. É o caso de pessoas que usam as palavras para tirar a gente do sério, seja no mercado, no estacionamento, na fila ou no trabalho.
Estou treinando, cada vez mais, para escolher as minhas lutas. Aquelas que tem propósito também para aqueles que amo e, principalmente, perceber aquelas em que muitas vezes a luta já foi comprada, como na política, mas mesmo assim sei que preciso fazer a minha parte.
Acredito que esta é a grande reflexão que essas lutas oportunizam. Melhorar nosso autoconhecimento e, assim, escolhermos com equilíbrio e propósito as lutas que precisam acontecer. Não com raiva e sangue, mas sim com ações que nos levem a soluções e a uma chance de futuro para aqueles que amamos. E para nós todos.
Que a gente se permita não subir no ringue daqueles que, por não valorizarem seu caminho, o desperdiçam infantilmente.
Que a gente honre cada vez mais a nossa vida cuidando bem da nossa energia, escolhendo com quem e onde usá-la e investindo nos movimentos que nos levam àquilo que soma e multiplica.
Que a gente compreenda que muitas lutas são necessárias e que precisam que a gente saiba entrar neste tipo de ringue com as ferramentas, a lucidez e os valores morais em equilíbrio, conectados com nossa força interna.
Mas, que se for para entrar no ringue parceiro, que seja de farda preta!
Fernanda Nunes Gonçalves