Não sei se onde você mora acontece o mesmo mas aqui onde moro um dos maiores supermercados, o Zaffari, disponibiliza um elevador para facilitar a vida de seus clientes. A questão é que toda a vez que entro no elevador com meu carrinho de compras, uma voz me avisa favor liberar a porta. Mesmo que eu não tenha terminado de entrar no elevador ela se antecipa e faz seu aviso. Talvez seja para o cliente lembrar de não trancar a porta impedindo, também a si mesmo, de chegar ao seu destino ou deixar alguns dedos como decoração.
Fiquei pensando então, quando foi que começamos a precisar que alguém, ou nesse caso, um aviso automático nos avise sobre o óbvio? Será que a gente não sabe que para o elevador seguir para o destino que nós mesmos selecionamos, precisamos liberar a porta? Claro que sabemos. É óbvio!
Será que não sabemos, que quando vamos a um banco e esperamos na fila, que temos que aguardar a nossa vez? É necessário que esteja escrito no chão ou em qualquer outro lugar ‘aguarde a sua vez’. Não é óbvio?
É.
Mas se observarmos com atenção, perceberemos que estamos precisando, enquanto sociedade, que alguém nos lembre de coisas óbvias. De situações que poderíamos ter aprendido e internalizado. Regras. Leis. Educação. Amor próprio. Compaixão. Limites.
Estamos precisando que alguém, muitas vezes, nos proteja de nós mesmos, nos lembrando do óbvio, daquilo que se não estivéssemos tão atarefados e exaustos estaria perto de um insulto.
Precisamos muitas vezes , e em outras ignoramos o óbvio.
Isso acontece no mundo dos traders também. Não faltam boas informações sobre gerenciamento de conta e de risco. E muitas são gratuitas. Mas são óbvias.
Assim como também é óbvio que entender e assimilar são coisas muito diferentes. E é neste espaço que muito prejuízo mora. E para quem compreende essa dinâmica, é onde, também, moram os lucros.
Admitir quais são os óbvios na nossa forma de ler a vida, e também a nossa curva capital, que estão trancando a porta do elevador?
A nossa porta, do nosso elevador interno.
Onde deixamos de prestar atenção aos óbvios que nos auxiliam em bons movimentos?
Talvez a gente precise destes avisos enquanto sociedade, pois suspeito que o dia que não precisarmos mais , aquela voz do supermercado diga ‘obrigada pela preferência’. Mesmo no elevador.
Que a gente não desista de nós mesmos.
Fernanda Nunes Gonçalves